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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Política de Cotas

Política de Cotas e alguns porquês

Vozes unânimes contrárias às políticasde cotas têm se manifestado nos mais diversos setores da sociedade brasileira. Mesmo aqueles que nunca opinaram nos diversos assuntos em andamento na sociedade brasileira, neste caso e em nenhum mais outro, opinam, e são contra. Têm muitos que dizem: ouvi falar, não entendi direito, mas em princípio sou contra. Dizem  que são contra por serem  contra qualquer distinção étnica/racial. Sim, mas o estado atual da nossa sociedade não e´ de completa distinção étnica? Alguns confirmam que sim, mas pensam que estas leis só vão mexer com o que está quieto, mexendo pode ser pior.  Não conseguem explicar  pior por que e para quem?
Tenho perguntado a muita gente as razões pelas quais são contra, e alguns já confessaram serem contra por serem contra. Outros formulam que são contra por ser injusto.  O que é justo e qual o senso de justiça? A atual situação da população negra é justa? Não, dizem que não, mas remendam dizendo que não é por aí. Então eu pergunto:  E por onde é? Que apresentem outras saídas que nos tire desta inércia nacional onde  nada e absolutamente nada acontece em favor da população afrodescendente.
 O Conselho é composto de 24 membros, e só agora, depois de muita luta e esforços variados conseguimos uma. Uma e só uma.  Há membros neste Conselho que não possuem a metade dastitulações acadêmicas e produção científica em educação dos muitos candidatosque nós temos apresentado, mas estão lá, fazem parte do sistema branco, classemédia e rica; alguns herdeiros de escravistas criminosos, isto também conta.Não nos falta competência e nem luta. Aliás, demos imenso duro coletivo,abdicando de coisas pessoais para chegar a este estado da discussão sobre negro na sociedade brasileira. Temos o mérito requerido, nos sobra mérito acima do requerido, entretanto, não fazemos parte da etnia privilegiada por esta “cota” presente. Entretanto se adotássemos esta outra política de cotas proposta pelos movimentos negros, a qual a grande maioria da população é contrária, teríamos por lei, pelo menos seis membros no Conselho Nacional de Educação. Poderíamos discutir, ainda que em situação minoritária, as políticas educacionais de interesse da população afrodescendente em posição amplamente  mais confortável.
As pessoas são contra e estão em oposição às políticas de cotas propostas por nós, discutidas abertamente e negociadas dentro de parâmetros da democracia e da igualdade, por não terem as informações do que são as cotas e das suas conseqüências práticas nas representações do poder, nas gestões públicas e na promoção prática e objetiva da igualdade de oportunidades. Também existe uma parcela importante que é contra as políticas de cotas para negros porque  estas mexem com os privilégios acumulados há séculos. Privilégios não discutidos abertamente, das “cotas invisíveis” existentes para a etnia branca na sociedade brasileira.
A dificuldade na discussão e na compreensão das políticas de ações afirmativas, das quais as políticas de cotas fazem parte , está  na nossa prática hegemônica (branca) de não prestar atenção ao lado e às vozes negras. Sim, pense bem, a maioria não está acostumada a nos ouvir e prestar atenção ao que falamos. Esta maioria desacostumada, que inclui negros e brancos, não tem posto na equação das políticas de cotas a existência dos racismos e sua incidência sobre o mercado de trabalho. Por isto, para esses as cotas para negros não fazem o menor sentido. Eu vou tentar exemplificar através de dois grupos de mulheres negras e brancas que moram no mesmo bairro, estudaram na mesma escola pública, fizeremestudos trabalhando durante o dia e estudando a noite, e que apenas o grupobranco conseguiu fazer faculdade particular. O grupo de negras concluiu oensino médio. Aparentemente poderíamos concluir que grupo branco teve maisgarra e mérito e por isto foi mais bem sucedido, tendo a merecida ascensãosocial. O que ocorreu e não foi dito. Vejam o perfil dos empregos. Com a mesmaescolaridade, antes da faculdade, as mulheres brancas tinham empregos de secretária e recepcionista nas empresas e de vendedoras nas lojas dos “Shopping Center” . Os salários médios variavam de 3 a 5 salários mínimos (isto antes do plano real, hoje a média é  mais baixa). O grupo de mulheres negras tinha empregos de domestica, faxineira, empregada de fábricas pequenas, empregos públicos de baixa remuneração, caixas de supermercado, de um a três salários mínimos. Elas não conseguiam por causa da “boa aparência” os mesmos empregos que as suas colegas brancas. O grupo branco conseguia com os salários pagar o cursinho pré-vestibular e a universidade, e mesmo dando duro estavam em vantagem em relação às negras. Vantagens salariais e empregatícias dadas ao grupo étnico branco. Reparem que os  “Shopping Center” e as empresas não empregam negros e pardos, afrodescendentes, para os mesmos cargos. Precisamos de política de cotas para reparar estas dessimetrias causadas pelos racismos, pois os filhos destas mulheres vão receber esta herança. Vejam, as estatísticas mostram que os negros pobres ganham em média a metade dos salários dos brancos pobres, isto para mesmo nível de escolaridade. Ou seja, para o negro ganhar o mesmo salário que o branco tem que ter o dobro da escolaridade. Estes são resultados das pesquisas  recentes do IPEA, que apenas confirmam o que os movimentos negros já afirmavam há tempos. Estes são os resultados do racismo à brasileira, situação em que as políticas de cotas podem introduzir algumas transformações gradativas.
A política de cotas não vai minimizaro esforço de estudo de ninguém e não vai dar diploma de graça, como tem sidodito por aí. Vai apenas viabilizar que uma parcela de negras e negros excluídosseja reintegrada ao campo das oportunidades quase que iguais. Estasoportunidades nunca serão iguais face aos nossos prejuízos históricos e nuncarecompensados. Os afrodescendentes terão a possibilidade de fazer aquelafaculdade que, por razões da imposição do sistema político e econômico etnocentrado, não puderam. Aí sim, poderemos ver quem é capaz de aprender os conteúdos exigidos para a escolaridade universitária ou quem foi apenas barrado pelo racismo. A entrada nas universidades deverá respeitar critérios e comprovação dos conhecimentos básicos ao nível universitário. Para desmoralizar as cotas andam dizendo que os diplomas nossos serão desvalorizados, pois entramos pelas cotas.



Questionário sobre Inteligência Artificial

  1. O que é inteligência artificial (IA)? A) Um tipo de hardware de computador B) Um sistema que simula a inteligência humana C) Um softwar...