É importante salientar que não
houve uma homogeneidade praticada pelos
negros africanos, visto que imperava uma heterogeneidade favorecida pelas
origens distintas dos africanos, que apesar de oriundos do continente africano,
geralmente os escravos apresentava uma prática cultural diferenciada em alguns
aspectos devido à região que pertencia, pois a África caracteriza-se em um
continente dividido em países com línguas e culturas diversas.
Ao longo do período colonial e
monárquico brasileiro foi grande o contingente de escravos africanos no Brasil,
visto que, constituía a maior mão - de - obra do período. A contribuição desses
escravos foi além da participação econômica, uma vez que, foram inserindo suas
práticas, seus costumes e seus rituais religiosos na sociedade Brasileira
contribuindo, dessa forma para uma formação cultural peculiar no Brasil.
Importante, ressaltar que as
práticas desses escravos africanos eram diferenciadas, pois eles eram oriundos
de pontos diferentes do continente africano. De acordo com VAINFAS (2001 p.66),
durante o período colonial, quase nada se sabia sobre a origem étnica dos
africanos traficados para o Brasil. Porém, ao longo do período passou-se a
designá-los a partir da região ou porto de embarque, ou seja, das áreas de
procedência.
Apesar da origem diversa dos
escravos africanos, dois grupos se destacaram no Brasil: os Bantos e os
Sudaneses. Os bantos foram assim, classificados devido à relativa unidade
lingüística dos africanos oriundos de Angola, Congo e Moçambique.
Misturavam-se informações, assim
como etnias, tradições e práticas culturais. Novas cores eram forjadas pela
sociedade colonial e por ela apropriadas para designar grupos diferentes de
pessoas, para indicar hierarquização das relações sociais, para impor a
diferença dentro de um mundo cada vez mais mestiço. Da cor da pele à dos panos
que a escondia ou a valorizava até a pluralidade multicor das ruas coloniais,
reflexo de conhecimentos migrantes, aplicados à matéria vegetal, mineral,
animal e cultural.
Nota-se que o cruzamento cultural
entre estes povos africanos propiciou a construção de uma identidade cultural
brasileira, ou cultura afro-brasileira. Uma vez que, eles não temeram em
"inventar códigos de comportamentos e de recriarem praticas de
sociabilidade e culturais" (Paiva 2001, p.23). Assim, este cruzamento foi
resultado de um longo processo que propiciou uma riqueza cultural peculiar ao
Brasil.
Assim, a influência africana foi
se tornando visível em vários seguimentos da sociedade colonial, tais como
culinária, práticas religiosas, danças, dentre outros valores culturais que
foram incorporados pela população brasileira. A nossa herança cultural africana
é visível no jeito de andar e no falar do brasileiro, pois na ternura, na
mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música,
no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão
sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava
ou sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela
própria amolegando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as
primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o
primeiro bicho- de- pé de uma coceira tão boa. De que nos iniciou no amor
físico e nos transmitiu, ao ranger da cama- de- vento, a primeira sensação
completa de homem. Do muleque que foi o nosso primeiro companheiro de
brinquedo.
Além da influência na vida sexual
destacado no clássico Casa Grande e Senzala, merecem ênfase as canções que
foram modificadas pelas negras.
Também as canções de berço
portuguesas, modificou-se a boca da ama negra, alterando nelas palavras;
adaptando-as às condições regionais; ligando-as às crenças dos índios e às
suas. Estas peculiaridades multiculturais manifestaram-se, principalmente, na
língua, culinária, música, dança, religião, dentre outros.


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