O ensino contemporâneo sofreu com a excessiva
compartimentalização do saber. A organização curricular das disciplinas colocou
como realidade as dificuldades, sem interconexão alguma, dificultando para os
alunos a compreensão do conhecimento como um todo integrado, a construção de
uma cosmovisão abrangente que lhes permita uma percepção totalizante da
realidade.
Algumas das tentativas de superação desta
fragmentação foi a proposta de se pensar uma educação interdisciplinar, isto é,
uma forma de se organizar os currículos escolares de modo a possibilitar uma
integração entre as disciplinas, permitindo a construção daquela compreensão
mais abrangente do saber historicamente produzido pela humanidade.
As propostas interdisciplinares, porém, têm
apresentado limites muito estreitos, pois esbarram em problemas básicos como,
por exemplo, a formação estanque dos próprios professores, que precisam vencer
barreiras conceituais para compreender a relação de sua própria especialidade
com as demais áreas do saber.
A compartimentalização entre cognição e emoção é fato presente nas escolas. Ela,
às vezes, aparece na atitude de estranhamento do professor perante a realidade
de vida do aluno e mostra-se, também, quando os pais são chamados à escola
apenas para ouvir queixas dos filhos, alimentando uma cultura de distanciamento
entre família e escola. Além destes fatores que dizem respeito mais as relações
interpessoais entre professores e alunos e professores e pais, a
compartimentalização da razão e do afeto confirma-se na dificuldade em
implantar projetos interdisciplinares nas escolas. Tem sido um desafio unir
disciplinas que oportunizam maior flexibilidade para um extravasamento das
emoções com disciplinas da área das exatas, que carregam a representação social
do distanciamento entre a pessoa que ensina e a pessoa que aprende.
Sendo assim, observou-se, em linhas
gerais, que a articulação entre a teoria e a prática do currículo escolar tem
sido favorável em determinados aspectos da prática docente. Os professores têm
se esforçado para relacionar os conteúdos escolares a aspectos da vida dos
alunos objetivando o desenvolvimento cognitivo dos mesmos. Como é notório na
análise realizada, alguns professores têm buscado a desfragmentação do ensino,
mostrando que é possível unir cem por cento do conteúdo ministrado à
experiência de vida dos alunos das séries iniciais.
Nesta perspectiva de raciocínio,
acredita-se que o currículo escolar das crianças das séries iniciais da escola
pesquisada fundamenta-se nas novas teorias do currículo e, portanto, está
inserido dentro de uma ótica mais moderna da concepção de ensino-aprendizagem.
Logo, pode-se assim considerar, o desempenho escolar de tais alunos deve ser
bem mais elaborado, visto que suas realidades são conhecidas e levadas em
consideração no cotidiano da sala de aula. É como diz FREIRE:
"Por isso mesmo
pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à escola, o dever de não
só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os das classes
populares, chegam a ela saberes
socialmente construídos na prática comunitária mas também [...] discutir com os
alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos."
(FREIRE, 2002:33)





